Obra em igreja que desabou era feita por fiéis voluntários
Em depoimento à polícia, o pastor responsável pela igreja confessou que as obras de reforma no imóvel eram realizadas por voluntários da igreja, sem a supervisão de um engenheiro.
Ainda segundo o delegado, o pastor também afirmou que sabia que a igreja – no local há mais de 50 anos – não tinha alvará de funcionamento.
O delegado Miguel Ferreira da Silva está responsável pelo caso e afirmou ao G1 que o pastor pode ser indiciado se for comprovado que ele é responsável pelo acidente.
“Só após a conclusão do laudo, que deve sair em cerca de 30 dias, e dos depoimentos saberemos quem é o responsável. Preciso dessas informações para entender completamente a dinâmica do acidente. Alguém pediu a execução do serviço e alguém assumiu a responsabilidade por ele. É preciso investigar para entender as duas figuras”, explicou.
Além do pastor, que não teve o nome divulgado, dois fiscais da Prefeitura de Diadema prestaram depoimento e disseram que em 13 de junho a igreja foi notificada de que era preciso ter o alvará de aprovação e execução da obra.
A polícia trabalha com a suspeita de que a igreja tenta construir uma garagem em baixo do prédio. Vizinhos confirmam que caminhões de terra foram retirados do local, o que pode justificar o desabamento da igreja.
“Só a perícia poderá confirmar se estavam tirando terra do barranco, que em tese seria a estrutura que sustentava a igreja no terreno em declive”, disse o delegado.
“Se os indícios forem comprovados, a polícia pode indiciar o responsável pela obra por crime de desmoronamento qualificado. Qualificado porque houve lesão corporal e morte, e culposo, porque não houve intenção de matar, mas porque serviço foi realizado de forma negligente”, completou.
O advogado da igreja, Kaique Nicolau de Lima, garantiu ao G1 que a obra estava paralisada e que os documentos já estavam sendo preparados para serem entregues na prefeitura. “A obra já estava paralisada há mais de 15 dias. É uma igreja antiga, com mais de 60 anos. A documentação estava sendo agilizada junto à Prefeitura”.