Crivella pede perdão por
críticas a católicos, gays e religiões afro
Senador
não disse nada de novo, mas agora volta atrás com medo de perder votos
Crivella
pede perdão por críticas a católicos, gays e religiões afro
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Um dos
jingles do candidato Marcelo Crivella (PRB) à prefeito do Rio de Janeiro diz
que “na prefeitura não vai ter religião”. Contudo, é praticamente impossível
desassociar o bispo licenciado a Igreja Universal do Reino de Deus de sua
trajetória eclesiástica.
Quando
era responsável pela Igreja Universal no continente africano, Crivella escreveu
um livro que agora vem sendo usado contra ele por seus adversários políticos.
“Evangelizando a África”, foi publicado inicialmente em inglês, em 1999.
Três anos depois ganhou uma versão em português.
Na obra,
ele ensina que a Igreja Católica e outras religiões não cristãs “pregam
doutrinas demoníacas”. Responsabiliza os demônios por práticas como vícios,
adultério e a homossexualidade.
Em
determinado trecho do livro, afirma que a Igreja Católica “tem pregado para
seus inocentes seguidores a adoração aos ídolos e a veneração a Maria como
sendo uma deusa protetora”.
Além
disso, ensina que no hinduísmo, crianças são sacrificadas como forma de
obtenção de riquezas.
Crivella
diz ainda que as igrejas de matrizes africanas abrigam “espíritos imundos” e
lembra que existe a prática do sacrifício de crianças. Ele classifica práticas
como o sacrifício de animais de “ritual satânico”. Na edição brasileira,
destaca que esses “feiticeiros e bruxos”, são conhecidos “como pais, mães e
filhos-de-santo”.
Apesar de
lembrar que gays não devem ser tratados com descriminação, chama o
comportamento homossexual de “terrível mal” e “condição lamentável”.
Após o
jornal O Globo divulgar
amplamente porções do livro, que reproduz algo comumente ensinado em igrejas
evangélicas do mundo todo, Marcelo Crivella optou em pedir perdão a quem possa
ter se sentido ofendido.
À Folha de São Paulo,
enviou nota onde se justifica: “o livro foi escrito há décadas em inglês e Zulu
quando eu vivia na África num ambiente de guerras, superstição e feitiçaria.”
“As
poucas referências ao catolicismo foram equivocadas e extremistas feitas por um
jovem missionário, cujo zelo imaturo da fé levou a cometer esse lamentável
erro. Isso infelizmente ocorre”, sublinha. Assegura que na época era movido
“pela convicção equivocada de um dogma religioso, ofendemos sem intenção a quem
amamos.”
Deixando
claro que ama “os católicos, espíritas, evangélicos e a todos”, faz um mea
culpa. “Se alguma vez os ofendi, peço perdão. O mesmo em relação à
homossexualidade.”
O
candidato afirmou que o livro foi escrito em período que, infelizmente, vivia
na “imaturidade da fé, mas sinceramente pensando em ajudar”.
Após 15
anos como senador, ressalta que sempre foi um “intransigente defensor da
tolerância, da liberdade, da dignidade da pessoa humana”. Finaliza dizendo “sou
candidato a prefeito, não a perfeito. Perfeito só Deus!”.